Em Portugal nada escapa. O país vive um tempo de uma degradação impiedosa e incontrolável. Todas as instituições democráticas perderam a noção das suas responsabilidades. Todos eles falharam e não o admitem e não sentem qualquer culpa. É muito fácil governar um país em que os sucessivos governos não assumem as suas responsabilidades e ainda surgem como vitimas. O que é dificil é ser-se governado por este tipo de gente. Portugal passou de um tempo de vacas gordas onde ninguém queria saber do que quer que fosse, para um clima em que reina uma estranha passividade.
Os portugueses não confiam nem em si mesmos e muito menos naqueles que deviam resolver os problemas. O governo a quem confiámos a tarefa de resolver o problema, é o mesmo que afunda ainda mais o país. É dos diferentes governos a responsabilidade da crise, e é do governo a responsabilidade do fim da coesão social. Este governo errou nas decisões, no que prometeu e no que executou. Foi desleal, exibiu instabilidade e incoerência. Foi ao cúmulo de culpar os portugueses da crise, pois consomem menos do que o esperado. Este governo é a face de um neoliberalismo agressivo, mostrando uma aterradora inabilidade e uma tendência para a falsidade e omissão determinada. É um governo de traidores que governa maquinalmente. Só falta saber quando a máquina será desligada. A sua incompetência quase já não tem defensores e a repulsa que o povo tem dele, quase não tem limite. Este governo obliterou a estabilidade política, a paz social. Este governo em vez de ter aproveitado a oportunidade para sensibilizar os portugueses, separou-os. Um governo insensível, cego e mesmo indigno. Não se importa que matou a esperança de milhares de pessoas, destruiu funcionários públicos, pensionistas, pessoas que sempre cumpriram as suas obrigações. Perdeu completamente a noção de responsabilidade.
Este governo não governa, passeia-se confuso nos corredores do poder. Faz, desfaz e refaz, profetiza e cancela, aponta para um lado e vai para outro. Erra e culpa os outros dos seus erros; chora desesperado porque todos o odeiam, quando esperavam ser adorados. É um governo sem cabeça, sem pernas. É apenas o tronco de um corpo mutilado, inerte.
O que mais me assusta é que não queremos saber absolutamente de nada. Na crise do país em vez de se procurarem culpados, passou-se à simples acusação mutua. A aplicação de uma política cega, sem regras e imoral, levaram os portugueses a perderam a pouca confiança que tinham nas suas instituições democráticas.
Foi nesta mediocridade, esta lástima, esta vergonha em que o país caiu.
Estamos rodeados de corruptos e incapazes. Somos vítimas dos seus jogos de bastidores, intrigas e negociações que nos lesam profundamente e comprometem o futuro dos nossos filhos e recusamos ver que esta crise é o resultado do que esta gente andou a fazer desde o 25 de Abril. E essa mesma gente continua a aparecer na televisão a prometer coisas que não podem realizar? Continua a mentir descaradamente e a negar que são eles os únicos culpados disto tudo? Não haverá falta de vergonha?