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Libertação de Auschwitz

Como é hábito, não pretendo ser politicamente correcto e parco nas palavras. Numa época em que toda a gente sabe tudo e todos têm direito à sua opinião. Uma época em que a intolerância é cada vez maior e o desrespeito pelos outros é uma trivialidade justificada pelo direito de si mesmo a essa opinião, falo de um tema que me é particularmente difícil por vários motivos.

Há 70 anos foi libertado o campo de concentração de Auschwitz. Quando o Exército Vermelho libertou o campo, encontraram um local onde foram mortas 1,5 milhões de pessoas e algo que ultrapassava a imaginação. Nem os duros soldados do Exército vermelho estavam preparados para ver as atrocidades que foram feitas.

Milhares de pessoas vindas de toda a parte da Europa eram levadas para o campo propositadamente construído para se transformar numa fábrica de morte. Por entre o fedor insuportável de cadáveres, havia poças de sangue congeladas no chão, pessoas vivas, semi-nuas enfrentando temperaturas negativas. Pessoas torturadas e vítimas de experiências médicas. Os prisioneiros tinham uma pele tão fina que se podia ver as veias e os olhos estavam salientes, porque os tecidos à volta tinham desaparecido.

Pobre Europa, pobre mundo, pobres das consciências.

Por entre a barbárie a que os judeus e outros prisioneiros foram sujeitos, o mundo fechou uma vez mais os olhos. A notícia sobre a libertação do campo e os horrores, foi marginalizada. A imprensa raramente deu destaque ao sucedido mesmo nos anos seguintes.

Libertação de Auschwitz - Auschwitz II - Birkenau - Portão de entrada e linha principal

Auschwitz II – Birkenau – Portão de entrada e linha principal. Autor: C.Puisney



Era o resultado do ódio mesquinho e nojento nos países ditos civilizados aos judeus.

Só em 1961, o mundo tomou total consciência do que se havia passado durante o holocausto. Israel era já uma nação e entendeu que o preço pela sobrevivência, o direito a existir, a ser respeitado e sobretudo o direito à liberdade por vezes tem de ser conquistado através do recurso à força e enviou agentes da Mossad à Argentina para capturar Adolf Eichman responsável pelo campo. Seria mais fácil ser morto à beira de uma estrada, mas foi levado para Israel para ser julgado e condenado à morte.

O anti-semitismo não era e ainda hoje não é exclusivo dos nazis ou dos alemães. Muita gente via e vê os judeus como uma influência maligna que manda no mundo. Cerca de 5,5 milhões de judeus morreram durante a Segunda Guerra. Felizmente sobreviveram pessoas para contar o que lá aconteceu ou teríamos corrido o risco de algo tão bárbaro ser negado.

Deixo a minha insignificante homenagem ao corajoso povo judeu e todas a vítimas da Shoah. A minha homenagem a quem sobreviveu à barbaridade e ao extermínio. A minha homenagem a todos aqueles que se recusam viver diante da tirania e da desumanidade. A minha sentida homenagem sobretudo à coragem da nação israelita de sobreviver à perseguição, ao ódio ancestral, ao despotismo e que se recusa a deixar de existir custe o que custar.

About João Fernandes

Licenciado em Relações Internacionais; Business Manager da Webmind; Blogger e múltiplos interesses nas áreas das ciências, tecnologia, História e política. Trabalha como freelancer em websites e publicidade.

One comment

  1. E uma homenagem também merecida a dois homens: Aristides de Sousa Mendes e Oskar Schindler… Entre muitos outros que ajudaram a salvar vidas de judeus.

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