Escrever ou falar sobre a Maçonaria nunca foi uma tarefa fácil, não só por despertar o velho sentimento de desconfiança ainda latente, até porque tudo aquilo que é desconhecido assusta e principalmente devido à inacessibilidade geral das escassas fontes disponíveis. Apesar das dificuldades e não temendo as opiniões negativas, apenas pretendo compreender um pouco melhor a História e sem qualquer intenção se surpreender ou perturbar o leitor.
Muitas vezes a maçonaria é descrita como uma sociedade secreta, no entanto tal não é assim, pois é subeijamente conhecida, assim como muitos dos seus membros e templos. Julgo que a forma mais correcta de a defenir seja a de uma sociedade fraternal, que admite homems livres e de bons costumes, sem destinção de raça, religião ou ideias políticos e sociais. Sendo uma associação iniciática e filosofica, é uma sociedade com segredos. Embora os aspectos filosóficos tendam a ser discutidos nas lojas de ensino ou pesquisa, e às vezes em grupos informais, os maçons e outros, publicam frequentemente, com graus variados de competência, estudos que estão disponíveis ao público.
Desde os mistérios de Elêusis ao rei Salomão e à Ordem do Templo, tudo tem servido a maçons, desejosos de exaltar a antiguidade da Ordem, e a profanos não menos desejosos de denegrir essa mesma Ordem, para escreverem patranhas e balelas, confrangedoras pela ingenuidade e ignorância que revelam. É evidente que a falta de registos dignos de crédito, envolve a Maçonaria numa penumbra histórica, o que faz com que os fantasistas inventem histórias sobre os primórdios da sua existência. A origem mais aceite, segundo a maioria dos historiadores, é a de que a Maçonaria Moderna descende dos antigos construtores de igrejas e catedrais, corporações formadas sob a influência da Igreja na Idade Média. O que é verdadeiro é que a maçonaria adopta princípios e conteúdos filosóficos milenares, que foram adoptados por instituições como as “Guildas” (associações profissionais) na Inglaterra, França e Alemanha. A Maçonaria adoptou todos aqueles princípios sadios que eram abraçados por instituições que existiram muito antes da formação de núcleos de trabalho que passaram à história com o nome de Maçonaria Operativa ou de Ofício.
O nome “maçonaria” provém do francês maçonnerei, que significa “construção”. O termo maçom (ou maçon), segundo o mesmo Dicionário, provém do inglês mason e do francês maçon, que quer dizer ‘pedreiro’, e do alemão metz, ‘cortador de pedra’. As corporações dos mestres conheciam, para além do seu carácter puramente profissional, preocupações de outra natureza: religiosa, iniciática, caritativa, cultural até. Tinham seus patronos próprios, suas festas rituais, muitas vezes remontando à Antiguidade, mas com “disfarce” cristão.
A corporação dos pedreiros, ligados à arte da arquitectura, incluía-se entre as mais importantes, respeitadas e ricas em simbologia e em segredos. Nela fundiam-se princípios, práticas e tradições de construção que remontavam aos Egípcios, aos Hebreus, aos Caldeus, aos Fenícios, aos Gregos, aos Romanos e aos Bizantinos, em suma, a todo o corpus da civilização europeia. Neste medida, e só nela, se pode ligar a Maçonaria a uma remota Antiguidade.
Grande parte do vocabulário maçónico está ligado, por sua vez, ao judaísmo bíblico. Parece, todavia, que esta associação se deve mais à influência que os Templários exerceram na construção civil e religiosa e nas próprias corporações dos pedreiros do que a uma ligação directa entre Ordem do Templo e Ordem Maçónica. Não convém esquecer que boa parte dos rituais, ditos escocês e francês, com sua complexa emblemática, foi “inventada” no século XVIII nas cortes e salões aristocráticos da Alemanha, França e Inglaterra.
No século XVII, muitas lojas de pedreiros na Grã Bretanha, onde a tradição corporativa se manteve sem desfalecimento até ao século XVIII, foram reorganizadas e estes maçons tornaram-se, com o andar dos tempos, tão numerosos que imprimiram à corporação de que faziam parte, um elemento operativo que foi cedendo o lugar ao elemento especulativo, mantendo, não obstante, o prestígio e o relevo social do passado. Só na Grã-Bretanha também, se conservaram o simbolismo e o ritual de tempos remotos, enriquecidos – e, não poucas vezes, deturpados – pela continuidade secular da sua prática.
Os franco-maçons começaram a expandir-se por toda a Europa e Novo Mundo. Eles manifestaram-se, mais tarde, no Novo Mundo pela declaração da independência e pela Boston Tea Party, organizada pela loja franco-maçónica de Boston, onde se iriam destacar George Washington e a maior parte dos seus generais. Em 1717, a Loja dos franco-maçons de Londres revelou publicamente o seu trabalho. Em consequência, foi acusada de traição pelas outras lojas. Em 24 de Junho de 1717, os representantes de quatro grandes lojas britânicas reuniram-se em Londres, fundaram a Grande Loja Inglesa, denominada também “Loja Mãe do Mundo”.
A grande loja fazia questão que fosse a Dinastia de Hanover que continuasse a ocupar o trono inglês e conferiu os dois primeiros graus a Frederico de Hanover, príncipe de Gales. Muitos membros das gerações seguintes da família real detiveram até o título de grão-mestre (foi o caso de Frederico Augusto, do rei George IV, do rei Eduardo VII e do rei George VI). No entanto, encontraram oposição que defendia o trono para os Stuarts, tendo sido criado um novo ramo de franco-maçons a “Loja dos Templários Escoceses” – fundada em 1725 por Michael Ramsey.
Em 1736 foi criada a Grande Loja Escocesa, a qual delegava também para segundo plano o aspecto corporativo para acentuar o aspecto místico. Nas lojas escocesas, encontravam-se com frequência a franco-maçonaria templária, e mais tarde, introduziu-se nelas também o grau templário.
Como vemos, encontramo-nos em presença de dois sistemas de franco-maçons que se opunham, o da dinastia de Hanover na Loja Mãe de Londres, e o dos Stuarts dos templários escoceses.
No Século XVIII a Alemanha tornou-se o centro da Franco-Maçonaria Templária que quase nada tinha em comum com a ideologia original própria dos templários. Os graus de cavaleiro foram incluídos no sistema franco-maçónico denominado, “Estrita Observância”. Isso significava que os iniciados deveriam jurar uma obediência absoluta aos seus superiores. O chefe designado como o “superior desconhecido”, usando o título de “Cavaleiro da Pluma Vermelha”, era fiel aos “Graus Escoceses” e, por isso mesmo, aos Stuarts.
Estas rivalidades e as suas querelas ou controvérsias bem como os anátemas entre estas duas Grandes Lojas, fazem parte da história da Maçonaria Inglesa até 1813, data a partir da qual se fundem, não na sua totalidade, sob a pressão do poder político para criarem a actual Grande Loja Unida de Inglaterra.
Maçonaria Regular e Irregular ou Liberal
A Maçonaria é universal, assim como os seus princípios, no entanto existem lojas diferentes, para as quais cada um é soberano nas suas decisões. Em princípio torna-se difícil compreender porque não são consideradas regulares se a Maçonaria cumpre os requisitos para a regularidade. Podemos entender da seguinte maneira: Existem Obediências maçônicas que são consideradas regulares entre si, mas uma delas pode não reconhecer uma outra como regular e vice-versa.
Não se sabe precisar qual é o motivo destes dogmáticos requisitos particulares para o reconhecimento regular, uma vez que não são fundamentados. Diante destes fatos correntes dentro da Maçonaria Universal, podemos concluir para o leigo, o quanto são estranhos os conceitos de regularidade e irregularidade entre as Obediências Maçónicas, que na verdade dividem, ainda mais, uma Maçonaria, que por princípios, deveria ser unida. O Grande Oriente da França, foi considerado irregular pela Grande Loja Unida da Inglaterra devido a uma grande diferença dogmática que se mostrou ser inconciliável: O fim da obrigatoriedade da crença em Deus. Em verdade parece ser mais uma divisão de poderes, uma vez que não podemos concluir quem deu poderes a determinadas Obediências de reconhecerem outras como regular ou irregular. O exemplo típico é a própria maçonaria inglesa que tem como concorrente de regularidade a maçonaria norte-americana.
Na Maçonaria Regular, só os homens podem ser maçons, embora tenham existido casos muito raros de mulheres que ingressaram numa loja maçónica regular, embora estas situações sejam amplamente debatidas pelos historiadores maçónicos.
Os trabalhos das lojas Regulares são conduzidos glória do grande Arquitecto do Universo e na presença das 3 grandes Luzes da Maçonaria: O Livro Sagrado; o Esquadro e o Compasso. A observância estrita destes princípios distingue a Maçonaria Regular de outras formas de entender, designadamente a Maçonaria dita irregular ou Liberal, originada em diferentes concepções, nascida em França. São diferentes a identidade e alguns princípios seguidos por estas duas formas de entender e praticar a Maçonaria.
A Maçonaria irregular não segue a Constituição de Anderson e os princípios que orientam a Maçonaria Regular, optando por não querer obter o reconhecimento internacional ou por não se enquadrarem no espiríto dos mesmos, ou por terem outros critérios macónico de reconhecimento, embora sigam os princípios de filantropia e de engrandecimento do ser humano, baseado no estudo do simbolismo e na análise, compreesão, aplicação e relação do significado obtido da simbologia estudados, na aquisição e consolidação de conhecimento através de sucessivos patamares e na interiorização das lições recebidas através da sua absorção global, pela razão e emoção.
O trabalho do Maçon tem três dimensões fundamentais.
A 1.ª consiste na construção do Templo Interior. Aperfeiçoamento constante de cada individuo, elevando-se espiritualmente, combatendo e vencendo as paixões, que o agarram ao mundo material e iludem, ultrapassando desejos e vontades que são produto do egoísmo próprio de qualquer alma em estado bruto. A este trabalho, chamam simbolicamente desbastar a pedra bruta. O Aprendiz deve reflectir sobre o vício e a virtude, interiorizando tudo o que se aprendeu sobre a verdade e a prática da virtude, pois sem virtude não se pode chegar à Verdade. Só o maçon que percorrer este caminho pode ser útil ao seu semelhante dedicando-se à sua felicidade não somente porque a razão e a moral lhes impõem tal obrigação, mas também porque esse sentimento de solidariedade os faz irmãos, contribuindo para a construção de um mundo melhor. Esta é uma tarefa sempre inacabada, que nos deve manter activos desde a iniciação até à passagem ao Oriente Eterno.
A 2.ª dimensão do trabalho maçónico consiste na prática do ritual; construção do Templo. Dinâmica e simbolismo que permitem abrir a mente para a realidade do mundo superior, beneficiando das energias positivas de todos os Irmãos e vencendo todo o tipo de pensamentos negativos. É absolutamente necessário que todo o tipo de preconceitos, juízos de valor ou dogmas veiculados pelos agentes do mundo profano, tenham sido removidos. A busca do conhecimento é um caminho individual, de introspecção, análise e vivência, que ninguém pode percorrer por outrem, transmitindo-lhe um produto acabado. A prática ritualista promove e potencia o desenvolvimento espiritual do maçon. É um trabalho conjunto com enorme projecção individual.
A 3.ª dimensão do trabalho maçónico no culto da tolerância um referencial fundador. A evolução proporcionada pelas duas primeiras dimensões do trabalho maçonico, realizado no mundo sagrado, não deve levar ao fecho do maçon sobre si próprio, mas deve ser transportada para o exterior, participando na construção do Templo, contribuindo decisivamente para a transformação do mundo profano, através da valorização da cidadania e do aperfeiçoamento moral e ético da sociedade.
Os maçons são opositores a todos os sistemas que desrespeitem a liberdade política, religiosa ou filosófica, levando-nos esta condição a encarar de frente a possibilidade de um dia ter-mos de sacrificar a vida, em defesa dos valores. Nenhum regime intolerante, político ou religioso, pode conviver pacificamente com uma Maçonaria. Assim, a defesa da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, da tolerância religiosa, da democracia e do respeito pelos direitos humanos fundamentais, deve ser preocupação diária, do trabalho do maçon no mundo profano. Os Maçons devem ajudar-se mutuamente numa base fraternal, mesmo no fim da sua vida e conservar em qualquer circunstância a calma e o equilibrio indispensáveis a um perfeito controlo de si próprio.
Instituição buscadora da excelência, da sabedoria, da força e da beleza, funcionando segundo o sprincípios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, a Maçonaria desde há séculos que transforma homens bons e homens melhores e, por essa via, contribui para a melhoria das sociedades em que se incere.
Para se ser membro da maçonaria não basta a autoproclamação, por isso é necessário um convite formal e é obrigatório que o indivíduo seja iniciado por outro maçon. Mantém o seu estatuto desde que cumpra com os seus juramentos e obrigações, sejam elas esotéricas ou simbólicas. O candidato, deve ser um homem maior de idade, discreto, leal, íntegro, ligado e actualizado em relação ao seu templo; ser empreendedor e capaz de assumir responsabilidades; ter emprego, residência e domicilio fixo; as suas actividades profissionais devem ser lícitas. Deve ter religiosidade, crer em Deus acima de tudo (para os regulares), outras obediências (os chamados irregulares) basta que o Grande Arquitecto do Universo (GADU) seja um princípio ético ou moral porque se regulem. Deve ter uma ideia clara de virtude e do vício, adoptando aquela e rejeitando este. Estar apto a aprender
Os maçons estruturam-se e reúnem-se em células autónomas, designadas por oficinas ou mais conhecidas e correctamente designadas por lojas, “todas iguais em direitos e honras, e independentes entre si.
Maçonaria Primitiva
Período que abrange todo o conhecimento herdado do passado mais remoto da humanidade e existe quem procure nas primeiras civilizações a origem iniciática. Outros procuram no ocultismo, na magia e nas rituais primitivas a origem do sistema filosófico e doutrinário.
Maçonaria Operativa
Se consideramos as suas origens operativas, tais como associações (Guildas) de cortadores de pedra cujo como ofício a arte de construção de castelos, muralhas etc, a sua origem perde-se na idade média em que o oficio de pedreiro era uma condição cobiçada como classe. Sendo esta a única guilda que tinha o direito de se deslocarem para os locais de construção e para não perderem as suas regalias o segredo deveria ser guardado com bastante zelo, visto que, se caíssem em domínio público as regalias concedidas à categoria, cessariam. Também não havia interesse em popularizar a profissão de pedreiro, uma vez que o sistema feudal exigia a actividade agropecuária dos vassalos.
Maçonaria Especulativa
Utiliza os moldes de organização dos maçons operativos juntamente com ingredientes fundamentais tais como o declínio do feudalismo dando lugar ao mercantilismo; o pensamento iluminista que defendia o primado da razão como forma de atingir a luz e consequente ruptura com a Igreja Romana e por fim contribuiu para a ruptura da unidade cristã e o surgimento da reforma protestante; a reconstrução física da cidade de Londres em consequência de um enorme incêndio em Setembro de 1666, o que daria origem à Maçonaria regular.
Foram aceites outras classes de artífices e essas pessoas formaram paulatinamente agremiações que mantinham os costumes dos pedreiros nas suas reuniões, no que diz respeito ao reconhecimento dos seus membros por intermédio dos sinais característicos da agremiação. Essas associações sobreviveram ao tempo. Os segredos das construções não eram mais guardados a sete chaves, eram estudados publicamente. Todavia o método de associação era interessante, o método de reconhecimento da maçonaria operativa era muito útil para o modelo que surgiu posteriomente. Em vez de erguer edifícios físicos, catedrais ou estradas, o objectivo era outro: erguer o edifício social ideal.
Os Fundamentos Religiosos da Maçonaria
A Maçonaria Universal, regular ou tradicional, professa pela via sagrada independentemente do seu credo religioso. Trabalha na sua Loja sob a invocação do Grande Arquitecto do Universo, o principal criador de tudo o que existe, principalmente do mundo material (demiurgo). Sobre os livros sagrados, o esquadro e o compasso. A presença necessária de mais do que um livro sagrado no altar de juramento, reflecte exactamente o espírito tolerante da maçonaria universal e regular.
É perfeitamente natural que numa mesma loja existam maçons muçulmanos, católicos, budistas, espíritas e outros, assim as reuniões nas lojas podem congregar irmãos de diversas crenças, sem invadir ou questionar os seus conteúdos. Muitos dos princípios maçónicos encontraram fundamentação no Antigo Testamento e inspiração no judaísmo. Os rituais e simbologia maçónica envocam a reconstrução do Templo de Salomão (expoente máximo da religião judaica); Para os Maçons existem três Salomões: o Salomão maçónico, o bíblico e o histórico; a Estrela de David ou o Selo de Salomão; tal como a cultura judaica tem uma larga tradição de impulsionar o maior número de judeus a se notabilizar pelo conhecimento nas artes, na literatura, Ciência e nas profissões em geral. Na maçonaria, nota-se uma preocupação com o desenvolvimento intelectual dos seus mebros, não só como um meio de melhorar a sua escola de fraternidade e civismo como também para perpetuar os seus ideais e permanecer como uma das mais ricas tradições do mundo moderno.
Outra semelhança, são os nomes dos diferentes graus, como por exemplo: cavalheiro Kadosh (Santo), Príncipe de Jerusalém, Príncipe do Líbano, Cavalheiro da Serpente de Airain, etc. Um dos grandes feriados judaicos é o Festival das Luzes, o Chanukah ou Hanukkah, em que se comemora a vitória do povo sobre aqueles que tinham feito da prática da religião um crime punível pela morte. A Luz é um dos mais densos símbolos na maçonaria, pois representa para os maçons de linha inglesa, o espírito divino e a liberdade religiosa e para os maçons de linha francesa, a ilustração, o esclarecimento (o que esclarece o espírito) e a claridade intelectual.
A luz, para o maçom, não é a material, mas a do intelecto, da razão, é a meta máxima do iniciado maçom, que, vindo das trevas do Ocidente, caminha em direcção ao Oriente, onde reina o Sol. Alguns maçons autodenominam-se Filhos da Luz e talvez não tenha sido por acaso que na sua forma actual, a maçonaria nasceu no Século das Luzes.
Historicamente, a Igreja católica opôs-se tenazmente à maçonaria devido aos princípios supostamente anti-cristãos, libertários e humanistas. A bula In Eminenti Apostolatus Specula de 28 de Abril de 1738,do Papa Clemente XII, condena a maçonaria e as suas practicas. Surgiriam mais de 20 outras, sendo o Papa Leão XIII um dos maiores opositores, datando a sua última condenação de 1902, na encíclica Annum Ingressi, endereçada a todos os bispos do mundo e em que se alarmava a necessidade urgente de combater a Maçonaria, opondo radicalmente esta sociedade secreta ao catolicismo, embora existindo registos de membros da Igreja pertencerem à Maçonaria, acusação essa feitas pelo próprio Paulo VI.
A Igreja Católica lançou desde sempre uma perseguição implacável contra os membros da maçonaria e em que o condenado era muitas vezes responsabilizado por uma “crise da fé”, pestes, terramotos, doenças e miséria social, sendo entregue às autoridades do Estado, para que fosse punido. As penas variavam desde a confiscação de bens e perda de liberdade, até à pena de morte, muitas vezes na fogueira, método que se tornou famoso, embora existissem outras formas de aplicar a pena.
A pena para católicos que se associassem a esta sociedade é ainda nos dias de hoje a de excomunhão. A maçonaria encontrou na Reforma Protestante, uma maior liberdade possibilitando a criação de diversos grupos independentes, conhecidos como denominações.
Como escola iniciática, a maçonaria tem muitos pontos de contacto com o budismo. Tal como o budismo pugna pelos bons costumes, pela fraternidade e pela tolerância, respeitando, todavia, a liberdade de consciência do homem, a qual não admite a imposição de dogmas. Embora com algumas ligeiras modificações, as Quatro Nobres Verdades e os Oito Nobres Caminhos estão presentes em toda a extensão da doutrina maçónica, que ensina, aos iniciados, o desapego às coisas materiais e efémeras e a busca da paz espiritual, através das boas obras, da vida regrada, do procedimento correcto e das palavras verdadeiras. Todavia, o conceito de Grande Arquitecto do Universo, não existe no budismo, pois, para este, não existe começo nem fim, criação ou céu, ao contrário do hinduísmo e do bramanismo. No começo dos tempos, o mundo submerso na escuridão, imperceptível, sem poder ser descoberto pelo raciocínio.
Para a Maçonaria, a oposição entre a morte e a vida é uma das questões mais antigas que a humanidade enfrenta. Morrer opõe-se a nascer, enquanto Alfa e Ómega de cada tempo de vida, pois estamos habituados a temer o outro, ou seja, tudo o que é contrário; somos nós ou os outros; se temos vida tememos a morte, branco ou preto, opostos ou complementos. Toda a morte é simbólica e iniciática, permitindo-nos ingressar numa nova vida, renascendo interiormente e transmutando o nosso íntimo, o nosso verdadeiro ser. Não é apenas uma inevitabilidade, mas pode ser também o caminho para uma nova oportunidade, um recomeço. A morte é fundamental na iniciação maçónica, representando um ritual de passagem do profano para iniciado, constitui uma oportunidade de aceder a uma nova visão da realidade, transformando os metais inferiores, de que necessitei de me separar, em metais superiores dos quais já não será necessário despojar.
A morte como transcendência da vida humana não é algo evidente. Cremos que a morte é deixar de viver, no entanto se a alma supera a morte, então a morte é o meio para alcançar una nova vida. A alma humana é um princípio imaterial que anima o corpo. Esta imaterialidade é o que assegura à alma a sua imortalidade, não podendo morrer porque é uma centelha divina, uma participação do seu criador. Reflectir sobre a morte obriga-nos a reflectir sobre a vida e quando compreendermos a morte estaremos a compreender a vida.
Os Ritos e Simbologia Maçonico
As Lojas explicam as ferramentas como lições de conduta ou morais, decorrentes de um ritual alegórico. No entanto, como a Maçonaria não é dogmática, não há nenhuma interpretação geral para estas ferramentas (ou qualquer outro emblema maçónico) que seja utilizada de forma geral. Qualquer maçom pode especular acerca dos símbolos e do propósito da Maçonaria e de facto, todos os maçons são exortados, de certa maneira, a especular sobre o significado maçónico como condição para avançar através dos graus. Não há significado aceite, e nenhuma pessoa fala por toda a Maçonaria.
À medida que o candidato passa pelos rituais aprende que na construção do Templo do Rei Salomão, em Jerusalém, os pedreiros especializados eram divididos em dois grupos: Aprendizes e Companheiros; que estes eram presididos por três Grão-Mestres que partilhavam segredos apenas por eles conhecidos. A importância deste conhecimento justifica-se pelo facto de comprovar a existência da Maçonaria no tempo de Salomão, mantendo-se um sistema inalterado desde então. O ritual, contudo, como o candidato em breve comprovará, não representa a verdade literal ou histórica, mas é, na verdade, uma alegoria dramatizada, pela qual são transmitidos os princípios e costumes do Ofício.
Ainda que existam verdadeiros pedreiros que são maçons, a Maçonaria não ensina a arte de trabalhar a pedra. Ela, utiliza o método ‘operativo’ dos maçons medievais como alegoria de desenvolvimento moral. Ainda assim, alguns dos simbolos maçónicos mais não são que as comuns ferramentas dos maçons medievais: o esquadro, o compasso, o malhete, etc., tendo cada um deste um significado simbólico na Maçonaria. A título de exemplo, é dito que os maçons se devem encontrar no nível, significando que todos os maçons são Irmãos, independentemente da sua posição social, riqueza ou ofício, tanto na Loja, como no mundo em geral. Para outras ferramentas existe também um significado semelhante.
O objectivo da Maçonaria é preparar o ser humano de forma a que este reconstrua, através da mudança e mortalidade que possui agora, um corpo fisicamente perfeito e também imortal. O plano é a construção deste corpo imortal, chamado pelos maçons modernos de Templo do Rei Salomão, a partir de material do corpo físico, chamado de ruínas do Templo do Rei Salomão
Os maçons conduzem as suas reuniões utilizando um formato ritualizado. Não há nenhum rito maçónico único, e cada jurisdição é livre de definir (ou não definir) o seu próprio rito. No entanto, existem semelhanças entre as diferentes jurisdições e convergem no reconhecimento internacional consagrado na Constituição de Anderson. Por exemplo, todos os ritos maçónicos fazem uso do simbolismo arquitectural das ferramentas do pedreiro medieval. Os maçons, da Maçonaria Especulativa (ou seja, uma construção mais filosófica do que real), usam este simbolismo para ensinar lições de moral e ética dos princípios de “Amor Fraternal, Assistência e Verdade“; ou, como relatado em França, “Liberdade, Igualdade e Fraternidade“.
Em todo o mundo já existiram mais de duzentos ritos, sendo que pouco mais de cinquenta são praticados actualmente. Porém os mais utilizados são o Rito de York, o Rito Escocês Antigo e Aceite e o Rito Moderno (também chamado de Rito Francês). Juntos, estes três rituais detêm como seus praticantes mais de 99% dos maçons operativos. Outros tipos de rituais maçónicos menos comuns destacam-se pela sua abordagem mais esotérica e espiritualista como é o exemplo do rito denominado por Rito de Memphis-Misraim.
O conhecimento espiritual dos franco-maçons foi traduzido por símbolos, alegorias e rituais, que serviam também para a comunicação. A linguagem secreta é representada por simbolos, tais como o aperto de mão dos franco-maçons, a pirâmide, o pentagrama, a utilização dos números 3, 7, 13 e 33, que encontramos nos seus brasões, nos emblemas e, hoje, nas siglas das firmas e nos nomes próprios.
Rito Escocês Antigo ou Aceite
O Rito Escocês Antigo e Aceite é o rito mais especulado, difundido e praticado nos nossos dias. É composto de três graus simbólicos e trinta filosóficos. Existe muita controvérsia sobre a influência templária, mas existe quem sustente que o templarismo não o influenciou, mas sim o Rito de Perfeição ou de Heredom, tendo sofrido vastas modificações até se ter tornado no que é hoje.
É um dos dois ramos da Maçonaria nos quais um Maçom pode progredir após chegar Mestre ( o outro será o Rito de York), desde o 4º até ao 33º Grau. Os ensinamentos morais e filosofia do Rito Escocês são baseados nos princípios encontrados na Loja Azul ou na Maçonaria simbólica. A utilização da palavra «Escocês» levou (e leva) muitos a pensar que este rito teve origem na Escócia, o que não é verdade. Os historiadores procuram ainda a resposta para este facto. Na verdade, é em França que encontramos as primeiras referências a este termo, através da palavra «Ecossais». Quando, no final do séc. XVII, as ilhas britânicas foram atingidas por um surto de tifo, muitos escoceses fugiram para França, onde cultivaram os seus interesses maçónicos; pensa-se estar aí a origem do termo Escocês.
O rito Escocês resolveu definitivamente o problema que tinha por objectivo conservar na Maçonaria os ensinamentos filosóficos que, há séculos, se agruparam em torno do pensamento primitivo e simples, em que a Maçonaria está estabelecida. Cada iniciação evoca a lembrança de uma religião, de uma escola, ou de alguma instituição da antiguidade
Os graus referidos como Filosóficos, são graus elevados e em número de 30, onde a filosofia e a moral são estudadas simbolicamente, em cada grau, com lendas ou mitos a estes associados.Os graus elevados Filosóficos são geridos por vários Supremos Concelhos, que têm como objectivo manter a uniformidade mundial dos rituais e dos métodos utilizados.
Com a fusão das duas grandes lojas britânicas, em 1813, resultou a Grande Loja Inglesa; esta criou a Loja da Reconciliação, com o objectivo de elaborar um ritual uniforme a ser utilizado por todas as lojas. Este processo levou dois anos de deliberações até que em 1816 a Grande Loja reconheceu as recomendações da Loja da Reconciliação, ordenando a sua adopção por todas as lojas. Face à recusa da Grande Loja em consentir a impressão do novo ritual, este foi sendo passado oralmente, pelo que o objectivo de uniformização nunca foi verdadeiramente atingido, como é de conhecimento geral
RITO DE YORK
Estudiosos afirmam que este rito tem origens iluministas. O Rito de York, por ser teísta, está mais ligado aos países onde os cultos evangélicos predominam, pois o clero desses cultos tem dado à Maçonaria o apoio e o suporte necessário para a sua evolução e crescimento. Ele é predominante da Maçonaria Norte Americana, tomou a sua forma hoje conhecida a partir de 1797, por intermédio de Thomas Smith Webb, que fez uma colectânea dos rituais dos Graus Simbólicos, Graus Capitulares, Graus Crípticos e as Ordens de Cavalaria.
As Lojas Simbólicas (que são os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom, formam a base de ingresso na Maçonaria) são denominadas Lojas Azuis (Blues Lodges), e em muitas Grandes Lojas só se usa a terminologia Rito a partir do 4º Grau e do Grau de Mestre de Marca do Real Arco (Os Capítulos conferem 4 graus: Mestre de Marca, Past Master, Mui Excelente Mestre e Maçom do Real Arco). O Concelho Críptico ou Conselho de Mestres Reais e Eleitos, conferem os graus de Mestre Real, Mestre Eleito e Super Excelente Mestre. Finalmente a Comanderia Templária ou Ordem dos Cavaleiros Templários, confere Ordens, ao invés dos usuais graus e essas Ordens são: Ordem da Cruz Vermelha, Ordem de Malta e Ordem do Templo.
RITO ESCOCÊS RECTIFICADO
Foi relançado por Jean-Baptiste Willermoz, que mantinha relações com maçons de toda a Europa, principalmente com os Irmãos mais qualificados de todos os ritos. Ele passou a vida inteira a reunir uma quantidade inimaginável de documentos, rituais e instruções com o fim de alcançar a essência da iniciação maçónica.
O sistema maçónico mais importante foi o da Estrita Observância Templária, em razão das origens templárias que esse sistema atribuía à Maçonaria e por sua organização em forma de ordem de cavalaria.
O sistema era constituído por 9 graus, consistindo de três classes:
1.ª – Aprendiz, Companheiro e Mestre
2.ª- Escocês vermelho e Cavalheiro da Águia Rosa Cruz
3.ª – : (ordem interna): Escocês verde; Escudeiro noviço; Cavalheiro e Professos.
Os Professos eram considerados Superiores Incógnitos, pois não eram conhecidos pelos membros da Ordem. O seu chefe, possuía o título de Grande Superior da Ordem.
O sucesso das lojas foi total na França, pois eram oriundas das tradições templárias e sobretudo porque os seus chefes eram nobres autênticos e as iniciações eram muito selectivas. Nessa mesma época, estava-se ia instalar o Grande Oriente da França, que fez questão de agrupar os Directórios Escoceses sob sua égide e um tratado foi assinado nesse sentido.
Em 1782, em Willemsbad a diversidade de ideias e de opiniões impediu que se chegasse a um denominador comum e que se definisse com precisão a doutrina da Ordem. Abandonou-se a pretensão da descendência directa dos Templários, evocando-se, entretanto uma filiação espiritual, oriunda do Mundo Invisível. Os rituais foram modificados substancialmente, diferenciando o sistema da Maçonaria Tradicional.
RITO FRANCÊS OU RITO MODERNO
Utilizado por maçons, com grande difusão e prática no continente europeu. O nome deve-se à adoção do Ritual da “primeira” Grande Loja de Londres, dita dos Modernos (conhecem-se os rituais desta primeira Grande Loja, através duma obra publicada em 1730 com o nome de “Masonry Dissected” e que provocou enorme escândalo e alarido na epoca ao revelar publicamente estes rituais) e que foi traduzido para utilização das primeiras Lojas Simbólicas em França.
Assim o Rito dos “modernos” é traduzido para francês e passa a denominar-se, por facilidade e abreviação de Rito Francês ou Rito Moderno (neste ultimo caso nos países anglo-saxónicos e na américa latina), em vez de Rito Francês ou Moderno, como é a sua designação correcta, principalmente a partir de 1801, quando o Grande Oriente de França publicou o “Régulateur du Maçon” para utilização nas Lojas Simbólicas.
Durante os cerca de cinquenta anos (entre 1735 e 1785) em que a Maçonaria se expandiu na França, fundaram-se e desenvolveram-se inúmeras Lojas e Capitulos. Estes ultimos constituíam indiscriminadamente Altos Graus.
O conjunto da Alta Maçonaria Filosófica deste rito, compreende cinco Ordens de Sabedoria:
1ª Ordem: Eleito ou Eleito Secreto;
2ª Ordem: Grande Eleito ou Grande Eleito Escocês;
3ª Ordem: Cavaleiro Maçon ou Cavaleiro do Oriente;
4ª Ordem: Soberano Príncipe Rosa-Cruz, Cavaleiro da Águia e do Pelicano ou Perfeito Maçon Livre;
5ª Ordem: Ilustre e Perfeito Mestre
Rito Antigo e Primitivo de Memphis Misraïm
É actualmente o Rito Maçónico mais esotérico e “secreto”, ocupando uma posição particular desde a sua origem. Tem a sua origem lugar nos ritos egípcios que e nas antigas tradições iniciáticas: pitagóricos, autores herméticos alexandrinos, neoplatónicos, sabeístas, ismaelitas.
O Rito de Memphis foi constituído por Franco-Maçons que em 1799 haviam acompanhado Napoleão no Egito. No Cairo eles descobriram uma sobrevivência gnóstico-hermética e no Líbano entraram em contato com a Maçonaria drusa, remontando assim à Maçonaria “operativa” que acompanhava os seus protectores, os Templários. Consequentemente, decidiram renunciar à filiação maçónica vinda da Grande Loja da Inglaterra. E assim nascia em 1815 o Rito de Memphis.
Até 1881 os Ritos de Memphis e Misraim seguiam rotas paralelas e concordes, no mesmo clima particular. Os Ritos começaram então a agrupar Maçons interessados no estudo do simbolismo esotérico da Maçonaria, gnose, cabala e até mesmo no hermetismo e no ocultismo.
Essa Obediência Maçônica, que celebrou o bicentenário em 1988, surgiu quando os dois Ritos, de Memphis e de Misraim, foram reunidos em 1881, por Giuseppe Garibaldi, que se tornou o seu primeiro Grão-Mestre.
O Rito de Memphis Misraim perpetua sua Tradição na fidelidade aos princípios de liberdade democrática e das ciências iniciáticas.
O Memphis Misraim dirige seus ensinamentos com de 99 graus, divididos em 3 séries, tornando-se desta forma o Rito Maçónico com mais graus dentro da Maçonaria Universal actual.
Após os três graus simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre), tem os seguintes graus filosóficos:
4.º Grau (Mestre Secreto); 9.º Grau (Mestre Eleito dos Nove); 13.º Grau (Real Arco); 14.º Grau (Grande Eleito da Sagrada Abóbada); 18.º Grau (Cavaleiro Rosa-Cruz); 28.º Grau (Cavaleiro do Sol); 30.º Grau (Cavaleiro de Kadosh); 32.º Grau (Príncipe do Real Segredo); 33.º Grau (Soberano Grande Inspector Geral)
A partir do 33º grau, o Rito de Memphis-Misraïm é composto pelos graus esotéricos: O 66.º Grau (Patriarca Grande Consagrador) somente é conferido a alguns Irmãos que poderiam ser convocados como Consagradores, e uma certa preparação é exigida. Os Graus 87.º, 88.º, 89.º e 90.º englobam o que os livros mencionam como Arcana Arcanorum (os Arcanos dos Arcanos).
Os que são admitidos até o Grau 99.º convertem-se em protetores e conservadores do Rito, como o seu nome indica: Patriarca Grande conservador. É entre eles que o Grão Mestre Internacional escolhe os membros que servirão no Soberano Santuário Internacional, corpo giovernante supremo do Rito. Além disso, os graus 66.º, 90.º e 95.º podem ser conferidos a Maçons como recompensa pelo seu valor, seus conhecimentos e sua fidelidade.
Outros graus, tais como o Real Arco, não são obrigatórios e são deixados à escolha dos Irmãos. A sagração como cavaleiro é transmitida a alguns Irmãos com o Grau 20 (Cavaleiro Templário ou Cavaleiro do Templo), derivados directamente da Antiga e Estrita Observância Templária e dos Cavaleiros Beneficentes da Cidade Sagrada.
Ritual de Emulação
Do latim “aemulatione” é um substantivo feminino que, dentre as várias acepções, temos como um sentimento que incita a igualar ou superar outrem, um estimulo ou incentivo a alguém.É um ritual (e não um Rito) do Sistema de Trabalho Maçônico Inglês, que conta com diversos rituais, porém, sendo o Ritual de Emulação o mais trabalhado nas Lojas Inglesas. Tão grande é a sua importância, pois é oriundo da união das duas Grandes Lojas rivais, em 1813, que ele conta com uma Loja de Instrução como sua curadora, responsável pela guarda, edição e ensino do ritual: Emulation Lodge of Improvement.
Assim, RITUAL DE EMULAÇÃO é o ritual que se aprende e pratica por observar como se faz, ou seja, imitando. Isso explica o porquê de na Inglaterra ser praticado sem leitura, de cor.
Águia bicéfala
Com o número 33 inscrito no peito é um dos símbolos mais inequivocamente maçónicos. Representa o mais alto grau do Rito Escocês Antigo e aceite, o de Soberano Grande Inspector Geral.
A águia, enquanto rainha das aves, é um arquétipo fundamental de numerosas civilizações. Sendo o símbolo imperial por excelência, frequentemente acompanha ou representa os maiores deuses e heróis. Para além de transmitir a ideia de vitória, realeza, agilidade, prontidão, engenho, a águia é encarnação dos estados espirituais superiores. Associada à mais alta divindade uraniana e ao fogo celeste, por ser o único animal capaz de olhar o Sol de frente, simboliza assim a percepção directa da luz. A bicefalia, para além de reforçar todos os aspectos acima referidos, reporta-nos à simbologia binária – como Adão-Eva, Sol-Lua, justiça-misericórdia, Roma-Constantinopla, etc. O número 33 reveste-se de uma dupla importância, porque para além de ser um reforçar o simbolismo do número 3, é também a idade da morte de Cristo e de Alexandre, o Grande.
Delta radiante
O triângulo é a base da geometria, a mais nobre das sete ciências liberais. É inseparável do simbolismo do número 3 e do conceito de trindade. Na concepção maçónica, pode representar os quatro elementos, consoante a abertura dos ângulos que o constituem. O triângulo equilátero é símbolo de harmonia, divindade, proporção. Na tradição judaica, representa aquele cujo nome não se pode pronunciar, Deus. Alquimicamente, é símbolo do fogo, e encontra-se ligado ao princípio masculino quando o seu vértice se encontra voltado para cima. “Símbolo de perfeição, o triângulo representa em duas de suas pontas a lei da dualidade, as forças básicas da natureza que se combinam com a terceira para produzir a criação e que encontram a perfeição no ponto em que se unem e combinam.
Representa a projecção da Luz e Sabedoria divinas. É ao mesmo tempo vida e morte, porque gera e destrói. Encontra-se também associado, nomeadamente nas concepções bramânicas, à Sabedoria.
Possuidor assim de uma simbologia extremamente complexa, por nele confluírem concepções pitagóricas, cristãs, cabalísticas, herméticas e alquimistas, o delta radiante é, em última instância, o símbolo do Conhecimento, mas um conhecimento que provém de instâncias divinas e que só é revelado aos que percorrem o caminho para atingir a iluminação, aos que afeiçoam a pedra bruta para esta se transformar na pedra cúbica.
O Avental
O Avental é símbolo do iniciado maçónico, representando a prontidão para o trabalho, que acompanha o maçon desde o meio dia até ao fim da vida. O Avental recorda a todo o momento, as obrigações e deveres como maçons. Símbolo da inocência, é a insígnia do maçon.
A alma constrói o seu corpo ou Avental, que será puro ou impuro conforme os seus desejos e pensamentos. Assim, em cada grau, o Avental simboliza o progresso da alma com a sua própria espiritualidade. O estado de pureza inicial está patente no Avental de Aprendiz. Tábua rasa própria do recém nascido. Com o progresso maçónico, o iniciado recebe riquezas espirituais, simbolizadas nos adornos do seu Avental.
Pentagrama
As Estrelas representam as lágrimas da beleza da Criação. Representa o homem nos seus cinco aspectos: físico, emocional, mental, intuitivo e espiritual. Totalmente realizado e uno com o Grande Arquitecto do Universo. É o homem de braços abertos, mas sem virilidade, porque dominou as paixões e emoções (Homem Vitruviano de Da Vinci). A Estrela é o emblema do génio flamejante que levam às grandes coisas com a sua influência. É o emblema da paz, do bom acolhimento e da amizade fraternal.
Apresentando ligação com os 5 elementos encontrados dentro de um homem, e que constituem o microcosmo, que são, fogo, terra, ar, água e éter (este sendo uma substância relacionada ao espírito). Diz-se também ser o símbolo que exalta a feminilidade uma vez que representa a deusa Vénus e traz em sua forma a trajectória realizada a cada oito anos por esse planeta em relação a Terra.
Letra G
É a Letra do Grande Arquiteto do Universo; Geometria ou a Quinta Ciência; Gnose (o mais amplo conhecimento moral, o impulso que leva o homem a aprender sempre mais e que é o principal fator do progresso); Gravitação (força primordial que rege o movimento e o equilíbrio da matéria); Grandeza(É a inteligência humana a brilhar com seu mais vivo fulgor).
Acácia
Planta símbolo por excelência da Maçonaria, sendo utilizada pelos Mestres Maçons como sinal de identificação, representa a segurança, a clareza, e também a inocência ou pureza. A Acácia foi tida na antiguidade, entre os hebreus, como árvore sagrada e adoptada como símbolo maçónico. Os antigos costumavam simbolizar a virtude e outras qualidades da alma com diversas plantas. A Acácia é inicialmente um símbolo da verdadeira Iniciação para uma nova vida, a ressurreição para uma vida futura.
Número 9
É o princípio da Luz Divina, Criadora, que ilumina todo pensamento, todo desejo e toda obra, exprime externamente a Obra de Deus que mora em cada homem, para descansar depois de concluir sua Obra. O homem novenário que pelo triplo do ternário, é a união do absoluto com o relativo, do abstrato com o concreto. É o número dos Iniciados e dos Profetas.
Malhete
Emblema da vontade activa, do trabalho e da força material; instrumento de direcção, poder e autoridade.
Esquadro
Resulta da união da linha vertical com a linha horizontal, é o símbolo da rectidão e também da acção do Homem sobre a matéria e sobre si mesmo. Emite a ideia inflexível da imparcialidade e precisão de carácter.Simboliza a moralidade e exprimeo elemento terra, a ideia de matéria, da qual o neófito se deve progressivamente desprender no seu caminho para a perfeição. Transmitindo as noções de feminilidade, passividade e submissão, simboliza a rectidão, o respeito pelas leis e regulamentos. Jóia do Venerável, significa neste contexto que “(…) a vontade de um chefe de Loja não pode ter mais do que um sentido, o do «status» da ordem, e que não deve agir senão de uma única forma, a do bem.”
Pavimento em Mosaico
Chão em xadrez de quadrados pretos e brancos, com que devem ser revestidos os templos; símbolo da diversidade do globo e das raças, unidas pela Maçonaria; símbolo também da oposição dos contrários.
Pedra Bruta
Símbolo das imperfeições do espírito que o maçon deve procurar corrigir; e também, da liberdade total do Aprendiz e do maçon em geral.
Templo
Símbolo da construção maçónica por excelência, da paz profunda para que tendem todos os maçons. A sua decoração é codificada.
Uma Loja possui uma sala com a forma de um quadrado oblongo, que é metade de um quadrado perfeito, e encontra-se na metade inferior de um círculo. Cada Loja reune nessas mesmas salas,mobiladas de forma semelhante,mas a Loja que trabalha o Grau de Aprendiz é chamada de Pátio exterior, a que trabalha o Grau de Companheiro é o Lugar Santo e a que trabalha o Grau de Mestre é o Sanctum Sanctorum (Santo dos Santos), todas no Templo do Rei Salomão.
Coluna com 3 romãs
Simbolizam as colunas à entrada do templo de Salomão. Relacionada com a ideia de suporte e de limite, toma na tradição judaico-cristã um sentido cósmico e espiritual. A romã, para além de símbolo primordial de fecundidade, exprime também em contexto maçónico a ideia de fraternidade. Assim, a associação dos dois elementos pode simbolizar a perpetuação do conhecimento e dos valores adquiridos pelo Homem enquanto elevado espiritualmente, enquanto mediação entre os dois mundos.
Romã
A romã, para além de símbolo primordial de fecundidade, exprime também em contexto maçónico a ideia de fraternidade. Assim, a associação dos dois elementos pode simbolizar a perpetuação do conhecimento e dos valores adquiridos pelo Homem enquanto elevado espiritualmente, enquanto mediação entre os dois mundos.
Alfabeto Maçónico
Esta cifra de substituição mono alfabética, conhecida também como Pig Pen, foi criada pelo místico e alquimista Agrippa de Nettsesheim, nobre alemão que viveu durante o século XVI. Mais tarde veio a ser o alfabeto adoptado pela Maçonaria, instituição que necessitava de um método de comunicação escrito encriptado.