François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire, nasce em 21 de Novembro de 1694 em Paris, no seio de numa abastada família burguesa. Estudou com os jesuítas onde se revelou um aluno brilhante. Voltaire foi um escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluminista, conhecido pela sua perspicácia e defesa das liberdades civis. É o expoente máximo do Iluminismo cujas obras e ideias influenciaram pensadores importantes tanto da Revolução Francesa quanto da Americana. Voltaire produziu milhares de obras em quase todas as formas literárias, assinando peças de teatro, poemas, romances, ensaios, obras científicas e históricas, cartas, livros e panfletos.
Foi um defensor aberto da reforma social apesar das rígidas leis de censura e severas punições para quem as quebrasse. Frequentemente usou as suas obras para criticar a Igreja Católica e as instituições francesas do seu tempo. Voltaire ficou conhecido pelas críticas aos reis absolutistas e aos privilégios do clero e da nobreza.
O conjunto de ideias de Voltaire constitui uma tendência de pensamento conhecida como Liberalismo, onde o indivíduo é capaz de elaborar as suas próprias leis, em que a vontade da maioria prevalece.
Por causa dos seus escritos contra o governo, foi preso na Bastilha (1717-1718), onde iniciou a tragédia “Édipo” (1718) e o “Poema da Liga” (1723). Tornou-se célebre e rico, mas um desentendimento com o príncipe de Rohan-Chabot valeu-lhe nova prisão e foi obrigado a exilar-se na Inglaterra, onde orientou definitivamente a sua obra e pensamento para uma filosofia reformadora. Durante os três anos em que permaneceu naquele país, conheceu e passou a admirar as ideias políticas de John Locke.
Voltaire defendia ideias estranhas para altura, tais como se um governante simplesmente punisse e regesse de acordo com o seu bem-estar, seria apenas mais um “salteador de estrada ao qual se chama de ‘Sua Majestade'”. Defendia a submissão ao domínio da lei, baseando-se na convicção de que o poder devia ser exercido de maneira liberal e racional, sem levar em conta as tradições,
Voltaire não era aquilo que se pode chamar de democrata, mas por ter convivido com a liberdade inglesa, não acreditava que um governo e um tolerante fosse utópico. Acreditava que as pessoas comuns estavam curvadas ao fanatismo e à superstição, por isso a sociedade deveria ser reformada mediante o progresso da razão e o incentivo à ciência e tecnologia. Assim, Voltaire transformou-se num perseguidor de dogmas, sobretudo os da Igreja Católica, que afirmava contradizer a ciência.
Celebrou a liberdade, criticou a guerra e os dogmas cristãos, as falsas glórias literárias e escreveu um dos livros mais famosos : “Cartas Filosóficas” ou “Cartas sobre os ingleses”, que criticava o regime político francês, fazendo comparações entre a liberdade inglesa e o atraso da França absolutista, clerical e obsoleta.
As ideias de Voltaire permitiriam introduzir várias reformas na França, como a liberdade de imprensa, tolerância religiosa, tributação proporcional e redução dos privilégios da nobreza e do clero.
Foi convidado por Frederico II, o Grande, da Prússia, para viver na corte de Potsdam. Em 1753, depois de um conflito com o rei, retirou-se para uma casa perto de Genebra. Ali, chocou ao mesmo tempo os católicos, os protestantes e criticou o pensamento de Rousseau (Poema sobre os desastres de Lisboa, 1756). Prosseguiu a sua obra escrevendo tragédias, contos filosóficos dirigidos contra os aproveitadores, os abusos políticos, a corrupção e a desigualdade das riquezas, denunciou o fanatismo clerical e as deficiências da justiça, celebrou o triunfo da razão.
Foi iniciado maçom no dia 7 de Março de 1778, no mesmo ano de sua morte, numa das cerimónias mais brilhantes da história da maçonaria mundial, apoiado no braço de Benjamin Franklin.
Esgotado, morreu a 30 de Maio de 1778.
Após a Revolução foi transladado para o Panteão de Paris dedicada aos grandes homens. Na escura cripta, frente a de seu inimigo Rousseau, permanece até hoje a tumba de Voltaire com este epitáfio:
“Aos louros de Voltaire. A Assembleia Nacional decretou em 30 de Maio de 1791 que havia merecido as honras dadas aos grandes homens”.