Os autores dos deuses miticos, sustentam que Attis, da Phyrigia, nasceu da virgem Nana no dia 25 de Dezembro. Foi crucificado, colocado num túmulo, ressuscitando 3 dias depois.
No entanto, Attis não era um homem, era uma mulher e não existem registos da mãe ser virgem. A fecundação deu-se após o “deus” Agdistis, nascido com os 2 órgãos sexuais, ter cortado o órgão masculino, lançou-o à terra e nasceu uma amendoeira. Nana, filha do deus-rio Sangarius pegou numa amêndoa deitou-a no seu seio, ficando grávida de Attis.
Krishna da Índia, nasceu da virgem Devaki e teve uma estrela a assinalar a sua chegada. Fez milagres com os seus discípulos, e após a sua morte, ressuscitou.
Krishna era descendente da família real Mathura e o oitavo filho da princesa Devaki (não sendo esta, obviamente virgem quando deu à luz krishna) e de Vasudeva, um nobre da corte. Krishna foi morto por uma seta disparada por erro por um caçador. Depois da sua morte, subiu aos céus para se juntar a Brahman.
O Zeitgeist continua a sua saga por deuses antigos e refere que Dionísio, o deus grego do vinho ou Baco para os romanos, nasceu de uma virgem a 25 de dezembro; foi peregrino; praticou milagres como transformar a água em vinho e é referido como ‘Rei dos Reis’, ‘Filho pródigo de Deus’, ‘Alfa e Ómega’, “entre muitas outras coisas”. Ressuscitou 3 dias após a sua morte e subiu aos céus.
Segundo a tradição mais comum, Dionísio era de fato, o filho de Zeus e da mortal Semele. Na versão cretense da mesma história, era o filho de Zeus e Perséfone, filha de Deméter também chamado Coré, a “deusa virgem”. Semele engravida depois de atingida por um relâmpago de Zeus. Os milagres de Dionísio são lendários, como o de numa festa fazer jorrar vinho em vez de água no seu templo.
A morte de Dionísio e a sua ressurreição ou renascimento, eram famosos na antiguidade. Após ter sido morto e feito em pedaços, Zeus pegou no seu coração e dissolveu-o numa bebida que deu a beber a Sémele, nascendo novamente, valendo-lhe o epíteto de “duas vezes nascido“.
Os autores do Zeitgeist, sustentam que Mithra, da Pérsia, nasceu a 25 de Dezembro e a sua mãe era virgem. Teve 12 discípulos e praticou milagres, e após a sua morte por crucificação, foi enterrado, ressuscitando 3 dias depois. Foi também referido como a verdade e a luz.
No entanto, Mithra nasceu do cruzamento do deus masculino Aúra-Masda com uma rocha e não de uma virgem, como é insinuado. Após o seu nascimento, carregava uma faca e uma tocha e usava um chapéu. Jamais ressuscitou ao terceiro dia, lutou contra o sol e sacrificou uma espécie de “touro sagrado” dentro de uma caverna que então se tornou a base da vida da raça humana. Não foi mestre e tão pouco teve 12 discípulos. No entanto, os seguidores de Mithra embora não tenham deixado escritos, só imagens, o culto adquiriu grande importância no mundo romano. Assim, o império promoveu no dia 25 de dezembro, grandes festas e jogos em homenagem ao “dies natalis” (dia do nascimento) desse deus.
As evidências do culto de Mithra só são encontradas com datas superiores a 300 anos d.C. Os detalhes são tão parecidos com o cristianismo que podem evidenciar que esse culto pagão adoptou detalhes do cristianismo e não o contrário. Isso seria muito comum tratando-se de uma religião politeísta onde deuses se associam com outros e vice-versa. Quem poderá em rigor afirmar convictamente qual dos cultos é uma derivação do outro?
O cristianismo acredita na morte física e ressurreição de Jesus, todavia no culto a Mithra não existe ressurreição do seu deus. Além disso, o mitraísmo era basicamente um culto celebrado pelos militares, portanto é preciso ter algum rigor quando se afirma que tenha atraído civis como primeiros cristãos.
A diferença básica entre o cristianismo e as religiões míticas é a base histórica de um e o caráter mitológico das outras. As divindades das religiões míticas eram personagens antropomorfizadas e de difícil definição e muitas delas eram figuras de mundos irreais e mitológicos. Cristo apesar de inúmeras contradições,é uma figura perfeitamente documentada nos evangelhos, mesmo que esses escritos tenham ocorrido vários anos após a sua morte e muitos deles sejam controversos, todavia relatavam histórias de sociedades e mundos reais.
Já o alfa e ómega, termo utilizados por João, poderá ter uma origem em Dionísio, já que João esteve cativo na Grécia, no entanto não existe sustentação documental que comprove que esses nomes eram chamados a Dionísio.
Um ponto extremamente controverso nestas teorias, reside na alegada analogia entre o ato de crucificação e o fenómeno do cruzeiro do sul na constelação de crux. Alegadamente, quando o Sol termina o solstício e fica neste período por 3 dias (enterrado) e ressurge (ressuscita) ao 3º dia (dia 25). Os defensores da tese dos deuses míticos, sugerem que essas mitologias tiveram como base fenómenos solares e declaram que a crucificação de Jesus é assente numa mitologia e que simboliza a morte do sol alinhada ao cruzeiro do sul.
Esta afirmação parece-me bastante ousada. A morte por crucificação constituía uma punição largamente utilizada pelos romanos. Neste ato procura-se combinar os elementos de vergonha e tortura. A tortura poderia ser tão forte, que às vezes o flagelado morria em consequência dos açoites. Sendo Jesus embora não condenado por um tribunal romano, mas sujeito às suas leis, parece-me legitimo pensar que a punição pelos crimes de que foi acusado, a execução fosse com base na lei e costume romano.
Um tema bastante controverso e amplamente discutido é a data de nascimento destas divindades. Os autores sustentam que a data escolhida para o nascimento de Jesus se baseou na mesma data de nascimento dos deuses míticos. A tese sustenta que antes de tudo, a sequência do nascimento é completamente astrológica, pois do solstício de Verão ao solstício de Inverno, os dias tornam-se mais curtos e frios. A estrela mais brilhante no céu é a estrela Sirius, que no dia 25 de Dezembro fica alinhada à constelação dos 3 reis. Este alinhamento aponta diretamente ao Sol. O Sol ao sair do solstício “renasce”, movendo-se 1 grau para o norte depois de 3 dias (22-25) e quando renasce, é sinalizado pela estrela Sirius, seguida pela constelação de 3 reis, formando assim um alinhamento entre os três.
Ao estudar a religião e mitologia, é sensato manter em mente que no mundo antigo deliberadamente ou não, muitos deuses se confundem. O 25 Dezembro é uma data tradicional que simplesmente representa o período final do solstício de inverno. A data de nascimento de Jesus é uma data comemorativa, que foi oficializada quase 400 anos depois de seu nascimento. A bíblia não nos dá a informação exata sobre a data de nascimento. Apenas especulando, conseguimos descobrir mais ou menos a época em que Jesus nasceu. Julgamos que este facto é consensual mesmo entre os cristãos mais fervorosos.
O Cristianismo tem os seus fundamentos no Judaísmo e é de lá que temos que tirar respostas e não na mitologia pagã. O número 12 bíblico remete às 12 tribos de Israel e não uma representação das 12 casas do Zodíaco. O cordeiro de deus é uma analogia ao cordeiro sacrificado num ritual judeu, pois no paganismo não se sacrificavam cordeiros aos deuses. O termo pecado tem origem no povo hebreu e sendo Jesus judeu, o conceito foi naturalmente aplicado ao cristianismo.
Outro fato particularmente interessante e pouco abordado, reside no seguinte: Na época em que Jesus viveu não existia um sistema de calendário fixo para os vários povos. Cada um tinha o seu. Os calendários eram confusos e muito diferentes uns dos outros. O calendário que hoje seguimos é uma forma recente de contar o tempo. Foi o Papa Gregório XIII que decretou o seu uso através da Bula Papal “Inter Gravissimus” assinada em 24 de Fevereiro de 1582. A proposta foi formulada por Aloysius Lilius, um físico napolitano, e aprovada no Concílio de Trento (1545/1563). Nesta época, foi corrigido um erro na contagem do tempo, desaparecendo 11 dias do calendário. A decisão fez com que ao dia 4 de Outubro de 1582 sucedesse imediatamente o dia 15 de Outubro do mesmo ano.
A sustentação de que Jesus ou os deuses míticos nasceram a 25 de Dezembro não tem qualquer fundamento. Afinal, como seria possível em rigor, estabelecer-se datas tão exatas como a de 25 de Dezembro para definir os nascimentos das diferentes personagens apresentadas? A maior parte desses povos tinha sequer calendário, baseando-se em sistemas como estações do ano e fases da lua. Hoje, sabemos que as fases da lua não seguem uma cronologia correta, fazendo com que esse erro seja corrigido a cada 4 anos, ou seja, todos os anos, sobram 6 horas. O calendário judeu é composto por 353,354 ou 383 dias, com anos solares e meses lunares.
Confuso?
Estou igualmente confuso. Espanta-me tantas certezas relatadas no documentário.
Após uma análise da situação, podemos concluir algo muito simples e fundamental. O dia 25 de Dezembro foi efectivamente decretado pelos romanos, não sendo assim fatual a data de nascimento de Jesus, mas o dia de nascimento dos deuses também não foi no dia 25 de Dezembro. No máximo, teriam nascido no solstício de inverno e não no dia 25. Assim, as associações dadas pelos autores do documentário, não tem qualquer fundamento, embora possamos admitir algum paralelismo com o fenómeno do solstício de Inverno.
Quanto à tese sobre a estrela se Sirius, é no meu entender tão descabida que a torna completamente desprovida de crédito, como demonstrarei mais tarde no texto relativo à estrela de Belém.
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Fontes:
Eram os deuses astronautas? – Erich von Daniken
Havia gigantes na Terra- Zacharia Sitchin