Por vezes a política parece um jogo de miúdos e um deles vem para casa a chorar. Temos um amigo que já não quer brincar. O Reino Unido com o Brexit, esquece-se frequentemente que é o país que é porque andou a colonizar meio mundo à força da Royal Navy e a forçar a emigração.
O problema não é os britânicos terem votado para sair da União Europeia. O problema são as razões que os levaram a sair. O que começou como uma campanha política baseada na economia e no poder de decisão, passou a uma campanha de nacionalismo xenófobo que parece estar na moda.
Muitos emigrantes no Reino Unido, tiveram de sair dos seus países de origem por questões económicas e que foram para lá apanhar chuva, trabalhar, pagar impostos, e contribuir para a sociedade porque não o conseguiam fazer nos seus países de origem. Julgo que a maior parte daqueles que emigram, o fazem por uma melhor vida e que, agora, não sabem bem o que o futuro lhes reserva.
Sinceramente, quem genuinamente pode dizer que troca o Sol da Caparica pela chuvosa costa britânica?
Nasci num mundo muito fechado e ainda no tempo da chamada Guerra-Fria e assisti ao renascimento da palavra inventada pelos reis navegadores portugueses: Globalização. Mas agora, parece que o mundo tem vontade de se fechar de novo, muito semelhante aquela amizade com um vizinho muito chato que após o convívio e as patuscadas, se revelou não ser assim tão “porreiro”.
Em outro texto, já referi que nem todos os xenófobos são más pessoas, pois alguns são só burros e desinformados. Diz o ditado popular que a ignorância é uma bênção e eu não posso estar mais em desacordo, pois tenho de aturar e conviver com ignorantes.
A democracia e o parlamentarismo britânicos serviram durante 300 anos como modelo ao mundo civilizado. Ao contrário da democracia francesa e as demais democracias europeias, o parlamentarismo representativo britânico não nasceu das guerras liberais e do caos político e social, mas sim de uma verdadeira Razão de Estado e suprema vontade do Homem civilizado e essa democracia foi exportada para a grande Nação americana.
– “Ok, ok…não foi bem assim. Bem sei que a democracia americana tem mais origem na França do que no odiado rei inglês, mas para os efeitos deste texto, fica assim.”
Numa curiosa análise sobre os temas mais procurados pelos britânicos na Internet após o referendo foram: o que era a União Europeia, quais os países que a constituem e quais as consequências da saída.
Segundo os resultados eleitorais uma sondagem da YouGov, 75% dos britânicos que votaram na permanência do Reino Unido na UE tinham entre 18 e 24 anos, ou seja, a democracia dita que pessoas com 20 anos de esperança média de vida, decidam as vidas daqueles que tem mais 50 anos de vida.
Os dados revelam ainda, que quanto maior era o nível de formação, maior era o apoio à permanência na UE. O voto pelo Brexit foi ainda maior nas áreas onde a população pertence principalmente à classe trabalhadora ou desempregada que depende das ajudas do estado. Finalmente, as áreas com maior população imigrante do sudeste da Inglaterra e de Midlands, fortemente afetadas pela imigração, segundo o The Telegraph, foram as que mais votaram a favor do Brexit.
Pouco me importa se o Reino Unido, a Grã-Bretanha, a Inglaterra ou como lhe queiram chamar, tenham votado ou queiram sair da União Europeia. O que interessa a saída de um país da União Europeia? Quem realmente se interessa pela União Europeia?
Sou simpatizante confesso de ingleses e gostaria que muitos mais viessem para Portugal como turistas e em que sempre são bem recebidos, apesar das desvantagens de alguns beberem como se não houvesse amanhã e depois gregoriarem à porta dos bares, fazerem uma festa nos restaurantes como se estivessem na praça do bulhão, e matar e ocultar o cadáver dos próprios filhos – ok, ok foi de mau gosto.