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Europa: o beco sem saída – Parte I

Os mitos

Estes últimos anos, eu tenho falado sobre a economia portuguesa e avisei que as políticas seguidas pelos partidos parlamentares não dariam qualquer tipo de frutos e nos iriam conduzir ao desastre. Afirmei que os nossos políticos são incapazes e corruptos e que a austeridade cria recessão e  retirar dinheiro a cidadãos e empresas, cria ainda mais recessão. No entanto, esta receita continua a ser defendida pelos mais incautos e defendida por aqueles que evidentemente tem outros objetivos.

Vou tentar desmistificar alguns dos mitos.

Europa: o beco sem saída – Parte I

Portugal, Grécia, Irlanda e a Espanha falharam.

Um mito ridículo. Vejam o seguinte: No final de 2011, o deficit total de todos os Estados Membros da UE atingiu 10 biliões e 300 000 milhões de euros, o que corresponde a 82,5% do PIB de todos os Estados Membros da UE de 82.5%. Só a Alemanha é responsável por 20% da Dívida, sendo aquele que maior dívida tem.
Se pegarmos na dívida externa, só a Alemanha-França-Inglaterra-Espanha-Luxemburgo, acumulam uma dívida de 23 biliões e 600 milhões de euros. Mas a essa dívida que jamais em tempo algum vão conseguir pagar, chamam de outro nome.
Espero que tenham morto este mito.

Os países ricos pagam as dívidas dos países incompetentes

As cosias não são assim. Em primeiro lugar, estas “ajudas” são bem pagas com as taxas de juros aplicadas e estes “resgates” representam uma redistribuição das dívidas dos Estados à custa dos contribuintes. Assim, resgatar um país acaba por ser um bom negócio. Tomemos por exemplo que a Alemanha goza de juros de 0% no mercado e ao emprestar dinheiro a 3,5% a países resgatados, faz obviamente mais dinheiro, a não ser que esses países fechem as portas.
Mito desfeito?

Passemos então ao seguinte.



A Alemanha é um modelo

A Alemanha é tida como exemplo de economia-modelo, algo que deveria ser inspirador para os outros países (sobretudo na Zona Euro).
Já vimos que o crescimento alemão foi feito à custa de redução de salários e outras medidas que, na verdade empobrecem o tecido social.
Um país que não faz qualquer investimento, não está a crescer e ao que parece é que o nível de bem-estar está a cair para a maioria dos cidadãos. O que é factual é que a Alemanha tem tido uma média de crescimento inferior quando comparados com os Países da Zona Euro e a produtividade cresceu apenas ligeiramente e a maior parte dos trabalhadores até ganha menos do que ganhavam no inicio do século. Talvez não compense assim tanto as políticas que a Alemanha está a tentar impor à Europa.
A economia alemã está com problemas, pois algumas das suas infra-estruturas estão obsoletas e isso será trágico a médio prazo, além de que as empresas preferem investir no estrangeiro onde os custos de produção são mais reduzidos.
A Alemanha recebe mais benefícios da Europa, em comparação com a maioria dos outros países, mas os seus cidadãos têm a impressão de que todos se aproveitam dela, nomeadamente os países do Sul.
A Alemanha até pode seguir o velho provérbio que “A mulher de César, não basta ser, tem de parecer”, mas o mito da Alemanha como país modelo é uma farsa. A Alemanha mal saiu da recessão causada pela crise financeira e a teimosia de não investir os proveitos em empresas, educação ou infra-estruturas, de modo a tornar-se a base para a futura prosperidade e progresso, é o caminho para o desastre. Muitos economistas argumentam que as empresas estão preocupadas não só para as as infra-estrutura que estão a desmoronar, mas também para a falta de trabalhadores qualificados, as condições na Zona Euro, o aumento dos custos de produção e uma parte do sector empresarial pode entrar em colapso.

Os alemães são espertos

Estes alemães não são muito espertos ao contrário do que se pensa. Eles apostaram ainda na maravilha desta brincadeira do Euro. O Euro tem destruído as moedas nacionais e todas as Nações da Zona Euro devem financiar-se nos mercados de capitais privados para obter esses euros que serão gastos na despesa do Estado, mas esse dinheiro privado é sujeito a taxas de juros e desta forma, os Estados endividados ficam presos pelo pescoço. Se o Estado se atrever a colocar este sistema em causa, então simplesmente corta-se o rating e por incrível que pareça, as entidades responsáveis por esse rating não é a União Europeia, mas sim empresas privadas ao serviço desses tais mercados de capitais que muitas vezes nem sequer são regulados, ou seja, são uma espécie de agiotas no sistema financeiro. Mas os países ricos acham isto muito bem.
Quando o tal rating é baixado, os juros de dívida disparam, levando ao incumprimento e a um inevitável resgate financeiro. Como os Estados já não conseguem emitir moeda e estão dependentes do Banco Central Europeu para o fazer e este, não o faz, então encontrou-se um novo brinquedo que foi o de se colocar Títulos da Dívida Publica nos mercados, os tais que em primeiro lugar emprestaram dinheiro e manipularam o sistema. Assim esses tais mercados, comprarem esses títulos para que assim os Estados se consigam financiar vez após vez. No entanto, os mercados estão fartos de comprar títulos de países que não podem cumprir e pior do que tudo, os mesmos mercados também não querem os títulos dos países que podem pagar, pois estes tem uma taxa de juro demasiado baixa, chegando mesmo aos 0%. Quem no seu juízo perfeito faz um investimento com a promessa de nada receber em troca?
Resultado?  No caso da Alemanha, esta  não consegue obter financiamento para cobrir as suas próprias despesas, por isso é obrigada a recorrer aos ganhos acumulados com as exportações, mas fica sem dinheiro para investir.
Esta coisa de economia é engraçada!



A União Europeia é a melhor coisa depois do pastel de bacalhau

Aquela que devia solucionar a crise, até porque é ela que dita as regras e tem o poder de emitir moeda, resolve piorar ainda mais a situação e aprofunda ainda mais a crise que ela própria criou.   Sofrendo um deficit democrático e a desconfiança dos cidadãos, a Europa propõe que os parlamentos nacionais dos Estados membros, sejam substituídos e que todas as decisões orçamentais no futuro não sejam tomadas pelos Estados mas pelo Parlamento Europeu. A Comissão Europeia espera, portanto, que cada Estado assine um acordo vinculativo segundo o qual aceita determinados requisitos.
Uma das minhas previsões para o futuro é o fim deste euro, pois esta moeda é um fracasso e a Europa é um fiasco.

About João Fernandes

Licenciado em Relações Internacionais; Business Manager da Webmind; Blogger e múltiplos interesses nas áreas das ciências, tecnologia, História e política. Trabalha como freelancer em websites e publicidade.

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