Não é possível falar do fenómeno Ovni sem falar de Roswell, no entanto Roswell é um caso fechado.
Apareceram inúmeras teorias, contra-teorias, confirmações e desmentidos. Pessoalmente não creio que estejamos perante qualquer conspiração, mas pretendo unicamente apresentar os fatos, deixando à consideração do leitor a suas próprias interpretações.
O chamado caso Roswell deu-se na noite de 3 de Julho de 1947, com um relatado acidente numa localidade perto de Roswell (Novo Mexico). Na manhã seguinte, William Mac Brazel descobriu no seu rancho destroços de um objecto. No dia 6 de Julho, Brazel informou o xerife George Wilcox e mostrou-lhe os referidos destroços. Max Brazel tinha decidido informar as autoridades locais quando já na cidade havia rumores sobre “discos voadores”, como no caso da observação pelo casal Wilmot na noite de 2 de Julho.
Mac Brazel levou o xerife, provavelmente acompanhado por um militar ao lugar da descoberta para reunir material. O primeiro relatório fala de “pedaços de borracha, papel alumínio, papel resistente, varas de madeira e um fio de nylon” pertencentes aos restos de um objecto de origem desconhecida.
No dia 8 de Julho, o Departamento de Informação ao Público do Roswell Army Air Field (RAAF), emite um comunicado, publicado pelo jornal Roswell Daily Record, no qual descreve a recuperação de um disco voador não identificado pelos militares do campo.
No dia seguinte, chega o primeiro desmentido da Força Aérea, segundo a qual o pessoal tinha recuperado um balão meteorológico e não um “disco voador”.
Os anos passam e em 1978, o físico nuclear e investigador Stanton T. Friedman entrevista o major Marcel que em 1947 tinha sido fotografado com os restos dum balão meteorológico para demonstrar que, de facto, era aquele o objecto caído em Roswell. Na entrevista, o Marcel disse que a Força Aérea tinha encoberto o que realmente tinha caído no Novo México, em Julho de 1947. Dois anos depois, Friedman, William Moore e Charles Berlitz – um professor de línguas que escreveu livros, sem qualquer lógica e com mentiras sobre o Triângulo das Bermudas, e sobre a Atlântida – publicam o livro The Roswell Incident, apresentando uma nova hipótese, baseada nas declarações de Marcel: O objecto teria explodido e alguns fragmentos teriam caído no rancho de Mac Brazel, enquanto o corpo principal do objecto teria caído nas planícies de San Augustin, cerca de 200 km ao noroeste de Roswell, onde também teriam sido recuperados os corpos de alguns humanóides. O livro passa a ser não só best-seller, como passa a haver uma romaria a Roswell. O mito nasceu!
Em 1991, Ray Santilli (produtor de cinema) afirmou possuir um filme que relatava a autopsia dum dos seres caídos em Roswell. Um pouco mais tarde, o vídeo foi transmitido mas facilmente se comprova que é completamente falso. O próprio Santilli admitiu que o vídeo foi feito com um amigo, mas afirmou estar na posse da versão original, apesar desta estar danificada
Em Fevereiro de 1994, na resposta a um inquérito parlamentar sobre o caso Roswell, a Força Aérea abriu um inquérito interno para esclarecer os fatos. Segundo a Força Aérea, não se tratava de um balão meteorológico, como foi afirmado ao longo de 50 anos, mas um módulo pertencente ao Projecto Mogul , uma operação secreta da Força Aérea dedicada a monitorizar as actividades da União Soviética e os possíveis avanços no desenvolvimento das bombas atómicas.
Em 1997, Philip Corso publicou o livro The Day After Roswell, no qual revelava ter liderado uma investigação a partir de 1961, relativa ao material recolhido em Roswel. Corso, havia sido militar e em 1961 tornou-se chefe do Research and Development Department, sob as ordens do general Arthur Trudeau. No livro, Corso revelou ter participado num projecto que visava utilizar a engenharia reversa sobre artefactos não terrestres, adquirir tecnologias a partir das quais teria sido desenvolvida tecnologia como os transístores e as lentes de contacto.
Afinal, o que temos para nos basear?
Na minha opinião, os factos são até bastante simples. Das cerca de 300 testemunhas, algumas das quais oculares, outras não de confiança, só uma dezena realmente esteve em contacto com os destroços ou outro material alegadamente extra-terrestre. Além de que ao longo dos anos houve muitas declarações, desmentidos ou mudanças de versão. Mac Brazel era uma pessoa simples e séria, tal como o xerife Wilcox, mas sem conhecimentos científicos que pudessem identificar rigorosamente os objectos encontrados.
É igualmente verdade e factual que a Força Aérea mentiu ao longo de 50 anos, mas o Projecto Mogul existiu e as experiências decorriam numa localidade perto de Roswell. O Projecto Mogull detectou a detonação da primeira bomba atómica soviética em 1949. Interessante é o facto de que um dos balões de alta altitude do Projecto Mogul ter sido dado como perdido poucos dias antes na área onde o suposto “OVNI” foi encontrado
Todos os materiais encontrados em Roswell e no alegado acidente de Sant Augustin nunca foram analisados por laboratórios independentes, apenas militares e não estão disponíveis. Na verdade, nunca foram apresentados, o que não deixa de ser estranho: restos dum balão ou duma sonda, mesmo que após 50 anos, poderiam pôr um ponto final na questão, por isso não se compreende porque razão a Força Aérea não termina de uma vez com esta história.
Depois, temos o caso do famoso vídeo de Santilli que descredibiliza completamente a história. Santilli é apenas um dos muitos que tentaram explorar o caso Roswell para obter visibilidade.
Os protagonistas morreram e temos apenas informações de segunda mão e nem uma prova fotográfica, nem um vídeo, apenas histórias impossíveis de confirmar.
O incidente de Roswell começou 30 anos depois do alegado despenhamento da aeronave, e pela mão de um escritor com várias provas dadas na fabricação de histórias.
Nos anos 40 e 50, o secretismo militar era lei. A especialização era enorme e era praticamente impossível saber qual era o produto final para o qual o trabalhador dava o seu contributo. É perfeitamente natural que um Major não tivesse conhecimento de projectos ultra-secretos, como era o caso do Mogul. Outros militares, de maior patente, também não tinham esse conhecimento. É assim natural que o Major Marcel ficasse surpreso com o que encontrou e seria muito compreensível que os militares nem se tivessem esforçado muito para desmentir o incidente, pois é preferível que a população acreditasse que “algo” foi visto, do que saberem que existia um projecto militar secreto.