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Portugal e o Futuro

Portugal beneficiou desde a entrada nas Comunidades Europeias, de um um certo desenvolvimento económico, fruto não só dos resultados da política de integração, mas sobretudo graças aos fundos europeus e de um certo estatuto internacional que lhe permitia manter relações comerciais com todas as grandes potências. Isto possibilitou o desenvolvimento de algumas infra-estruturas, todavia, o não estabelecimento de uma política económica consistente e onde fossem consideradas as relações entre os diversos setores da economia, assim como a criação de fundos de investimento e defesa de mercados, levou a uma progressiva decadência.

Na política, não foram postos em prática os instrumentos que pudessem garantir a indispensável eficácia e prestigio do sistema democrático e de uma economia de mercado. A falta de confiança democrática e a sua escassa amplitude, tornou o sistema político dependente de pequenos grupos. A limitada ponderação de um poder judicial moderador, que por sua vez foi perdendo a sua intervenção e prestigio quando era mais necessário que o tivesse. Daí resultaram situações dramáticas, choques políticos espetaculares, responsabilizações agressivas e no pior dos cenários, a completa desresponsabilização dos atores políticos que quase sempre são agentes corrosivos do interesse nacional.

A classe política que governa o país desde o 25 de Abril de 1974 é brutalmente desfigurada ou caricaturada, servindo para criar no cidadão, a convicção de que o problema nacional está exclusivamente ligada às instituições democráticas. A crise económica e social, trouxe consigo uma perda de prestigio da classe política, assim como a falta de capacidade de mobilização quer dos partidos, quer dos cidadãos.

Na génese desta realidade está o clientelismo dos partidos e a excessiva centralização do poder, a burocratização e o desprestigio quase total das instituições pilares da democracia. Os quadros políticos estão mal preparados para as exigências que envolvem as necessidades de uma pequena potência. Os tratados da União Europeia polarizaram todo este ambiente de desgraça e desorientação coletiva, tanto entre os responsáveis como nos próprios cidadãos. As estruturas institucionais ao colocarem-se ao serviço não do interesse comum, mas de privilégios e iniquidades, degradam-se, perdendo o seu sentido original e transformaram-se num instrumento desagregador da sociedade e da democracia.

Como à 500 anos, Portugal coloca a sua eterna questão: E agora? Sem dúvida Portugal tem um destino comum a todas as nações. Só que o resultado é nosso e não pode ser o mesmo do das outras nações. Esse resultado não é partilhável, nem substituível.

Não é a cultura portuguesa diferente da interpretação espanhola? Não é o Brasil diferente das outras pátrias americanas? A estrutura deixada pelos portugueses em África não é diferente do que foi deixado pelos outros europeus? E a cultura não é diferente? E a arte, o pensamento político, as relações sociais, a perspetiva económica? Houve campos que não atingimos? Decerto! Mas quem os atingiu a todos? Qual a nação que não pagou um ónus para ser específica?

Portugal deve enfrentar o atraso em que se encontra e promover políticas de desenvolvimento assentes na igualdade de valores e na diversidade da sua percepção. Temos de o assimilar e prosseguir. Para isso, não devemos promover ou estabelecer dependências que nos comprometam, sem no entanto descuidar a nossa diferença acumulada e natural. Sempre a exploração do risco da nossa diversidade, no “à vontade” da nossa independência.

About João Fernandes

Licenciado em Relações Internacionais; Business Manager da Webmind; Blogger e múltiplos interesses nas áreas das ciências, tecnologia, História e política. Trabalha como freelancer em websites e publicidade.

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