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A batalha da França

 A 10 de maio de 1940 em plena II Guerra-Mundial, a Alemanha colocou em marcha o chamado “Plano amarelo” e invadiu a França, dando inicio aquilo que ficou conhecido por “Batalha da França“.

 Quando Hitler chegou ao poder, Churchill disse: “Graças a Deus o Exército Francês existe.” Mas em 1940, o Exército Francês já não era a máquina de guerra de outrora, e pior do que isso, a França não estava unida para a guerra e vivia uma instabilidade política. Embora mobilizada para a guerra, a França não dispunha da determinação necessária para a guerra contra a Alemanha. A  longa trégua da “guerra falsa” servira para eliminar o senso de urgência que a dominara no início da guerra. Pior do que tudo, havia profunda aversão à guerra, criada pelos seus antigos conflitos com seu velho inimigo.
Derrotada em 1870 e sofrendo danos imensos na I Guerra-Mundial, a França confiou tragicamente a sua defesa na “Linha Maginot”- a barreira mágica que deteria o agressor alemão para sempre, ao mesmo tempo que tinha garantido a independência da Polónia, da Checoslováquia e ter confiado a sua segurança à Inglaterra.
A França caiu no absurdo de confiar em demasia nas suas forças e esqueceu a lição que o exército alemão havia dado na Polónia. Apesar da França em teoria contar com  cerca de 5 000 000 de soldados para a sua defesa, o Alto Comando não sabia exactamente como usar essas forças e no final apenas  2 862 000 homens estavam prontos para o combate. Para agravar as coisas, o exército francês estava desmoralizado e carecia de autoridade e disciplina.
Os comandantes franceses estavam desactualizados na guerra moderna e sobretudo no emprego de tanques, onde apenas lhes atribuíam um plano secundário. A França contava com cerca de 3000 tanques, mas estes eram lentos, pesados e desajeitados, em comparação com os tanques alemães, cuja blindagem e poder de fogo eram leves, e eram construídos para obter velocidade e alcance.
Os comandantes franceses também não perceberam o papel ofensivo do avião e embora contasse com cerca de 3.000 aviões em maio de 1940, estes eram bastante ultrapassados e inferiores no que toca à qualidade.
Por seu lado, a Alemanha contava com um exército altamente disciplinado e treinado e na campanha que se seguiria contaria com um total de 3 350 000 homens; 5000 aviões e 2500 tanques

 Na madrugada de 10 Maio de 1940 sob grande secretismo, a Alemanha desencadeou a ofensiva ocidental, baptizada de “Código: Caso Amarelo“.  A Wehrmacht punha-se a caminho da França e dos Países Baixos e daquela que os franceses chamavam de “impenetrável floresta das Ardenas!

— Impenetrável?!

 Nos mapas dos quartéis, com os seus bosques escuros e estreitos carreiros, talvez a floresta parece-se impenetrável, por isso os franceses resolveram defender a zona com apenas 10 divisões das mais fracas e pior treinadas de que dispunham e resolveram esperar pelos acontecimentos.
Mas não esperaram quase nada!
O Plano alemão era audacioso e consistia na divisão das suas forças em 3 exércitos (A,B e C).  O Exército B contava apenas com 3 divisões blindadas, comandado pelo general Fedor von Bock que tinha como objetivo invadir a Bélgica e atrair as forças britânicas e francesas. O Exército A dispunha de 37 divisões, sendo  7 delas blindadas e 3 de infantaria motorizada, o que a tornava a principal força de ataque alemã, responsável por avançar pelas Ardenas e romper a linha francesa no rio Meuse  e atacar a Força Expedicionária Britânica e o 1º e 2º exército francês. O Exército C comandado pelo general Wilhelm von Leeb atacaria a espectacular Linha Maginot.



 A ofensiva, começou com a espectacular invasão aérea da Holanda e da Bélgica. Milhares de tropas aerotransportadas foram largadas apanhando as forças holandesas  e belgas de surpresa. Deste modo, toda a estratégia defensiva dos Aliados foi desfeita por um só golpe, e sem que os Aliados conseguissem montar posições. O Comandante francês Maurice Gamelin cometeu o erro de enviar o grosso das suas forças para para a Holanda e para a Bélgica, direitos à armadilha montada pelos alemães.
Sequiosos de vingar a humilhação sofrida em 1918 e encorajados pelo zelo de uma filosofia revolucionário, os soldados alemães batem-se como cruzados. A campanha que se seguiu dar-lhes-ia uma das vitórias mais espantosas dos anais da guerra. Com tácticas novas e revolucionárias, a Wehrmacht iria destruir o Exército Francês, Holandês e Belga e infligir ao Exército Britânico a sua maior humilhação desde a derrota sofrida na Revolução Americana.

 A estratégia alemã revelou-se perfeita. Com um gigantesco movimento circular, os exércitos de Rudstendt, vindos do sul, e as divisões Panzer de Güderian, a oeste, iriam encurralar franceses e britânicos contra o Canal da Mancha em Dunquerque, cercando cerca de 300 000 soldados e ameaçando condenar o Exército Britânico à maior derrota da sua História, no entanto os alemães ao cometerem um dos maiores erros da história militar, permitiram que o corpo expedicionário britânico fosse evacuado. O rompimento das linhas francesas em Sedan, que tinham o objectivo de barrar os alemães na invasão do país, fizeram com que a França entrasse em colapso, sendo muitas de suas forças capturadas ou aniquiladas. Os poucos contra-ataques, revelavam-se desorganizados e pouco persistentes.
A 15 de Maio, a Holanda assinava a capitulação e a 17 foi a vez da Bélgica. Foi também a queda de Gamelin, que foi substituído pelo general Weygang  já reformado.

 A França desesperava! Um homem de 73 anos, substituía outro de 68. Weygang estava longe da realidade, pois tinha passado o ano anterior na Síria. Também o Marechal Petain, com 84 anos, tornou-se primeiro-ministro. Antes de sair de Espanha, onde era embaixador, disse a Franco:

 — O meu país foi derrotado. É o resultado de 30 anos de Marxismo!

Tentando à sua maneira suster o ímpeto alemão, os generais franceses desenhavam linhas nos mapas que eram atravessadas pelos “Panzer”, antes de serem emitidas quaisquer  ordens.

Por todo o lado os “Panzer”, atravessavam o coração da França sem dificuldade. A 10 de Junho o governo francês abandona a capital e refugia-se em Tours e pouco depois, a fim de evitar a completa destruição, proclamou Paris “cidade aberta”. A 14 de Junho a Cidade-Luz estava nas mãos dos alemães e a Suástica tremulava no topo da Torre Eiffel.

 Num país desesperado, entre tropas em debandada, sem chefes, sem ordens, no meio de colunas intermináveis de refugiados,  Petain, o último marechal da Grande Guerra, aparece como única tábua de salvação. A sua figura vai imediatamente  juntar-se, na mentalidade colectiva, às das grandes figuras associadas aos momentos trágicos da História. O Marechal anunciou a cessação da resistência e fala à Nação:

 —”Com o coração partido tenho a dizer que é preciso pôr fim aos combates. Dirigi-me esta noite ao adversário para lhe perguntar se está disposto a procurar connosco,  com honra de soldado para soldado, depois da luta, a maneira de fazer cessar as hostilidades.”

A França fulminada por uma derrota que ninguém previra a não ser pelos sonhos do Führer, humilhada na sua carne e na sua alma, entregue à arbitrariedade do odiado vencedor, inclinou a cabeça e dobrou-se sobre si própria.

A derrota foi para a França, a suprema humilhação. A Wehrmacht levara apenas 5 semanas para humilhar completamente o seu histórico inimigo. A campanha em França, iria deixar a Alemanha como senhora incontestável da Europa Ocidental e daria ao seu Exército uma áurea de invencibilidade.

 


About João Fernandes

Licenciado em Relações Internacionais; Business Manager da Webmind; Blogger e múltiplos interesses nas áreas das ciências, tecnologia, História e política. Trabalha como freelancer em websites e publicidade.

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